Eis que chega o dia de voltar das férias. Acordei com um pressentimento estranho, lembrando do sonho que tivera na semana anterior quando meu chefe me dizia que precisava me contar uma coisa e não sabia como. (onde já se viu ficar sonhando com chefe bem na última semana de férias?)
E não é que no meio da manhã o meu pressentimento teve sua explicação? Michel,meu chefe favorito, anuncia que deixará a empresa depois de 13 anos de trabalho para enfrentar um novo desafio em São Paulo. Pronto: fiquei órfã de chefe, assim, de repente. Uma espécie de boas vindas às avessas... e confesso que essa notícia me abalou bastante.
Eu sei que não é muito comum as pessoas normais gostarem tanto assim dos chefes, mas o Michel é uma dessas figuras raras. Ele é mistura de rabugento metódico com companheiro divertido,sabe, é difícil explicá-lo! É exigente, porém seu perfeccionismo nos ensina muito, nos faz crescer... às vezes você fica com raiva, outras vezes quer se esconder num buraco quando ele enxerga logo no primeiro passar de olhos um detalhe naquela planilha que você revisou 50 vezes, ou ainda se surpreende quando ele te chama para contar uma das infinitas histórias de suas viagens, de sua família...enfim: um ser humano único. Competente, prático, duro, profissional e ao mesmo tempo engraçado, pai coruja, marido dedicado apesar do falso machismo, ele não poderia despertar outro sentimento que não fosse admiração.
Ele ficou mais duas semanas depois do anúncio. Foram dias cheios de trabalho para deixar tudo organizado para o sucessor. Neste meio tempo também fui informada que trabalharia em um novo departamento (Oh Gosh, so many different things happening on the same time!).
O último dia foi cheio de surpresas. Compramos uma linda cesta de vinhos importados de presente e eu fiz um clipe cheio de fotos nossas para que ele morra mesmo de saudades, hehehe. Foi um dia de muita emoção...até as pessoas que eu menos esperava choraram.
E eu também recebi elogios, agradecimentos e presentes de todos os meus queridos amigos de Vendas Europa. E então lembrei o dia que o Michel nos contou que ia embora e depois, quando conversávamos a sós, ele me disse que o que valia mesmo era o fato da vida nos dar a oportunidade de encontrar as pessoas. E depende da gente fazer com que elas permaneçam em nossa história. E é isso!
Queria registrar aqui que fiz grandes amigos durante estes dois anos que trabalhei em vendas Europa, dentre eles, também o Michel, a quem só tenho a agradecer.
Sentirei saudades e lembrarei com carinho de todos...
“A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar”
(O Pequeno Príncipe)
